Poesias Que Faltam
Por Luís Wesley
Falta poetizar sobre as pontes pêndulas do caminho,
Sob elas
abismos nada transponíveis
E uma
jornada que começou há muito?
Falta poetizar sobre espinhos
escondidos na grama macia,
Caídos de árvores
frondosas e antigas
Em balanço ventilado,
inquieto, vultuoso?
Falta poetizar sobre a dor
que se recusa a ir pra nunca mais,
Daquele tipo que
lá dentro grita silenciosa
No latejar
cárdio intervalado do peito frágil?
Falta poetizar sobre o
lamento que tenta se calar
Em choros premidos, retidos, adiados,
E no olhar
fixo num certo infinito tão vazio?
Falta poetizar sobre o bem
que ainda não é, nem nunca foi,
Vendido ao
mal que, traiçoeiro, grassa e corrói,
Fazendo
parecer que não pode haver outro fim?
Falta poetizar sobre uma
primavera sem beija-flores,
Porque nela sequer há flores para serem beijadas
Neste outono
persistente e prolongado?
Falta, sim, poetizar sobre tudo isso!
Mas muito mais sobre o Vento que sopra cicio,
Cobrindo abismos, arrancando espinhos, dores e lamentos,
E sobre a Pomba que enche vazios,
Que devolve o bem aos humanos
E as flores aos beija-flores.
Por onde andas, poeta,
Se ainda há muito a ser poetizado?
Falta, sim, poetizar sobre tudo isso!
Mas muito mais sobre o Vento que sopra cicio,
Cobrindo abismos, arrancando espinhos, dores e lamentos,
E sobre a Pomba que enche vazios,
Que devolve o bem aos humanos
E as flores aos beija-flores.
Por onde andas, poeta,
Se ainda há muito a ser poetizado?
Copyright © Setembro 2012 Luís Wesley de Souza
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